Em 2014, um protagonista sem nome, mas com muito carisma, chegava às telas da Cartoon Network – e, apesar de ter como público-alvo crianças entre 7 e 11 anos de idade, “Irmão do Jorel” conquistou todo mundo. Idealizado pelo diretor Juliano Enrico e produzido pela Cartoon em parceria com a Copa Studio, o programa é o primeiro desenho original do canal da América Latina. E deu certo: com mais episódios a caminho, “Irmão do Jorel” também já é conhecido e transmitido fora do Brasil.
Com uma mistura de referências na cultura pop da década de 1980 e muita inspiração autobiográfica, Juliano Enrico entrega a história de um garotinho comum – tão comum, que ele é conhecido apenas como o irmão do Jorel (este sim, popular, orgulho da casa e cheio de fãs), que vive uma série de situações absurdas ao lado da família, amigos e outros personagens peculiares da vizinhança. “As primeiras ideias e histórias de ‘Irmão do Jorel’ vieram da lembrança de fotos, eventos de família, desenhos e filmes de Sessão da Tarde que eu gostava. Tudo se originou de uma releitura do que eu via a minha volta nos anos 80”, contou Juliano ao VIX.
Criador do Irmão do Jorel
![](/wp-content/uploads/migration/irmao-do-jorel-0517-1400x800-3.jpg.jpg)
A fórmula bem-sucedida combina dois elementos para fisgar o público: identificação e surpresa. O mundo visto pela perspectiva do Irmão do Jorel é imaginativo, fantasioso, cheio de “dilemas”, dúvidas e situações comuns ao universo infantil, como o relacionamento com os pais, irmãos, avós, professores, vizinhos, amigos, as primeiras paixões, entre outras figuras que sempre passam pela vida de qualquer pessoa.
O outro elemento é a surpresa para os espectadores. Juliano conta que, apesar do público-alvo delimitado, as histórias de “Irmão do Jorel” podem ser entendidas e aproveitadas por qualquer pessoa. “Quando estamos escrevendo não pensamos só na criança, mas na forma como a história pode ser absorvida por todo mundo. A criança, claro, vai pegar as cenas e piadas rápidas, o adolescente vai observar outros detalhes e os adultos, outros. Quero que o desenho sirva para qualquer fase da vida, para se divertir ou se lembrar de experiências pessoais”, conta Juliano.
Produzir para o público infantil também requer responsabilidade, é claro, mas, para o autor isso não limita o programa. “Não temos obrigação de passar mensagens, ensinar valores. Mas, como produtor de conteúdo, acho que enriquece a história expor e discutir situações do dia a dia da criança. Acho também que elas são as primeiras a perceber quando estão sendo enganadas e que sabem que não precisam entender tudo o tempo todo”, ressalta.
![](/wp-content/uploads/migration/irmao-do-jorel-0517-1400x800-1.jpg.jpg)
Além disso, Juliano explica que o contato com o público também faz parte da produção. O artista recebe informações dos espectadores, suas respostas e reações aos episódios e, assim, vai aprimorando as histórias. “Como criador, meu objetivo é sempre criar um vínculo afetivo com o público. Por isso, ainda que de forma indireta, há influência. Eu e os roteiristas temos preferências, a Cartoon, claro, também tem. Não me prendo a isso ao tomar decisões criativas, mas interfere, sim”, explica.
Irmão do Jorel: como é produzido
O desenho tem vários roteiristas – Juliano explica que várias equipes diferentes trabalham para produzir cada episódio. Mas a finalização de todas as histórias ficam nas mãos dele e de Daniel Furlan, que é ator, roteirista e quadrinista e com quem Juliano trabalha há mais de uma década – os dois, inclusive, já foram VJs da MTV.
Depois de criar o roteiro, o desenho recebe as vozes que dão vida aos personagens. “Não é um processo de dublagem”, explica Juliano, “é uma criação original. As vozes são feitas bem no começo. Assim, conseguimos alterar o roteiro e criar coisas novas com as vozes dos atores”, pontua. Ele mesmo é quem dá voz ao personagem de Jorel, que, inclusive, foi inspirado em seu irmão na vida real.
Desenhos brasileiros
![](/wp-content/uploads/migration/irmao-do-jorel-0517-1400x800-4.jpg.jpg)
“Irmão do Jorel” chegou ao Cartoon Network por meio de pitching, uma apresentação realizada para vender a ideia do negócio à empresa. “Eu já tinha a ideia da série no papel há um bom tempo. Tinha descrições bem detalhadas dos personagens, cenários, conceitos e sinopses. Tive 5 minutos para apresentar minha ideia e a Cartoon achou que tinha a ver com a linha editorial do canal. A partir daí, começamos a desenvolver o desenho com eles”, conta Juliano.
O desenho é a primeira produção realizada pelo canal no Brasil e, para Juliano, a tendência é que o segmento cresça. “O mercado brasileiro de animação já é competitivo internacionalmente, está crescendo. Ainda é difícil achar profissionais especializados por aqui, mas isso vem mudando. E temos estilos novos surgindo. O Brasil e os países da América Latina têm uma cultura que se diferencia da norte-americana e podemos nos destacar”, diz o quadrinista.
![](/wp-content/uploads/migration/irmao-do-jorel-0517-1400x800-2-1.jpg.jpg)
“Irmão do Jorel” integra um time de produções nacionais que também têm crescido no canal infantil. Além do clássico “Turma da Mônica”, a Cartoon exibe atualmente desenhos brasileiros como “Historietas Assombradas (Para Crianças Malcriadas)”, “Carrapatos e Catapultas” e “Tromba Trem”.
Fora do Brasil
O desenho já conta com duas temporadas, cerca de 40 episódios e está no ar também fora do Brasil. “Irmão do Jorel” passa nos canais latino-americanos da Cartoon, mas a ideia é levá-lo a cada vez mais países. “Morro de rir ouvindo a música de abertura em espanhol”, brinca o diretor, “é ótimo ver outros países receberem e gostarem de uma criação minha. Estamos trabalhando para levar ‘Irmão do Jorel’ cada vez mais longe. Ainda quero vê-lo em francês e japonês”, conclui Juliano.
https://www.facebook.com/vix.pop.brasil/videos/329704777460296/
Mais desenhos
- “Rick & Morty”: desenho mais absurdo é inspirado em “De Volta Para o Futuro”
- Fim de “Hora de Aventura”: 6 momentos que vão deixar saudade
- “Gravity Falls” e mais desenhos incríveis para assistir na Netflix